sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O SAMBA DE RAIZ NA PERIFERIA DE SÃO PAULO

A Folha de São Paulo (dia 10.12.2009) publicou uma reportagem informativa, exaltando os sambistas de São Paulo (capital) que se dedicou a glorificar esse que é o nosso mais legitimo ritmo musical.
Diz a Folha: “Periferia renova samba de São Paulo” (Encontro Mutirão do Samba impulsiona novos sambistas como Douglas Germano, Adriana Moreira e Marquinho Dikuã).
A reportagem anota que nos anos 90 surgiram os primeiros sinais de saturação do pagode comercial. Ao mesmo tempo, as escolas de samba vinham deixando de agregar compositores para se tornarem um triste pastiche dos desfiles cariocas. Não havia mais espaço para os compositores. Alguns anunciaram a morte do samba, mas ele sobreviveu tímida e desorganizadamente, nos quintais e botecos da periferia paulista.
Em 1997, surgiu o Mutirão do Samba, um encontro de sambistas, visando o culto ao samba de raiz, a formação de novos talentos e a exibição de novos sambas. Douglas, um dos fundadores, via ali um estímulo à criação. “O Mutirão nasceu com a vontade de registrar nossa própria história. Neste grupo de 32 pessoas havia compositores, percussionistas de escola de samba e de botequim, instrumentalistas, cantores”.
Surgia algo novo em São Paulo. “Uma roda com composições próprias, que era ao mesmo tempo um encontro e um espaço de formação”, lembra Adriana.
A experiência do Mutirão serviu como inspiração para a formação de uma série de novas experiências. Projeto Nosso Samba, Samba de Vela, Samba Autêntico, Samba da Laje, Samba de Todos os Tempos, entre dezenas de comunidades.
“Surgiu uma série desses núcleos, a partir do samba tradicional”, conta Selito. “Ninguém agüentava mais aquela mesmice dos anos 90”, diz Kaçula. “A vulgarização das letras e a repetição das fórmulas de sucesso”.
As comunidades são um culto às batucadas, uma retomada do samba a partir da tradição, que gerou uma nova sonoridade paulistana.
Marquinho Dikuã acredita que as comunidades possam abrir uma nova possibilidade para sua geração de sambistas. Está em curso um “boom” de independentes de discos de samba. “Hoje há em São Paulo 30, 40 comunidades de samba que reúnem por ano 300 a 400 mil pessoas. Temos Público”. Caio coloca um porém: “A gente conseguiu se reunir para produzir, mas essa produção não consegue ser escoada. A pergunta é como quebrar a barreira e cair nas graças do povo”.
Essas assertivas são do jornalista da Folha, Thiago Mendonça.
Ao se citar alguns desses sambistas que compõem o samba renovado, são citados (dentre outros): T. Kaçula – Comanda o projeto Samba Autêntico. É fundador da Rua do Samba Paulista, que reúne 3.000 pessoas por apresentação; Marquinho Dikuã – Toca em bares da Vila Madalena e no Bar Brahma; Babal – É um dos principais representantes do Samba de Laje, um dos mais importantes movimentos de samba de São Paulo, que reúne até 2.000 pessoas.
Eis porque, como eu já disse aqui, o samba de raiz é eterno.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ELIS REGINA – FASCINAÇÃO
(Lançamento da Phillips)

Embora Elis não tenha sido do samba de raiz, mas da MPB em geral, como foi a nossa maior intérprete de todos os tempos, vou aqui abrir uma exceção para levantar algumas das melhores faixas dessa que foi a nossa “pimentinha”.
As faixas que vou sublinhar são:

1. Lapinha (Baden Pawell/Paulo Cesar Pinheiro)
Quando eu morrer me enterre na lapinha,
Calça, culote, paletó, almofadinha.
Vai, meu lamento, vai contar
Toda tristeza de viver.
Aí a verdade sempre trai... (faixa n.º 4)

2. Como Nossos Pais (Antônio Carlos Belchior).
Só para lembrar: “Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos...”

3. O Mestre Sala dos Mares (João Bosco e Aldir Blanc).
Há muito tempo nas águas da Guanabara. O dragão no mar apareceu na figura de um bravo feiticeiro a quem a história não esqueceu... Glórias, às mulatas, aos piratas, às sereias...”

4. Vou deitar e rolar (Baden Pawell/Paulo Cesar Pinehiro).
Não venha querer se consolar
Que agora não dá mais pé
Nem nunca mais vai dar...
Quaquaraquará...

5. O Morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais. Mas olhem bem vocês. Quando derem vez ao morro...
Toda a cidade vai cantar...(participação especial de Jair Rodrigues).
Feio não é bonito. O morro existe mas pede pra ser acabar. Canta, mas canta triste... (segue-se um pout-pourri de sambas, sensacional).

6. Fascinação (D. Marchen M. de Ferady – versão Armando Lousada).
Embora este não seja um samba é (para mim) a música mais fascinante e linda que já se produziu em todo o mundo e em todos os tempos.
E essa interpretação da Elis é realmente imperdível.
Os sonhos mais lindos sonhei.
De quimeras mil, um castelo ergui.
E no teu olhar, tonto de emoção.
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor.
Teu sorriso pende, enebria, entontece.
É, fascinação amor (imperdível).
Vale a pena guardar essa letra.

7. Atrás da Porta (Chico Buarque/Francis Hine)
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei. Eu te estranhei, me debrucei...

8. Dois pra lá, dois pra cá (João Bosco/Aldir Blanc)
Sentindo frio em minha alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, são dois pra cá
Meu coração traiçoeiro. Batia mais que o Bongô.
Tremia mais que as maracas...